
Alexia DinizTudo começou quando uma amiga me ligou empolgada com uma viagem internacional: “Achei uma passagem para Paris por R$2.500, vou comprar agora!”. Só que, enquanto ela comemorava, eu já abria a calculadora mental: “Tá, mas e a hospedagem? Seguro viagem? Transporte? Alimentação? E aquele IOF escondido no cartão de crédito?”.
No fim das contas, a passagem barata virou só a ponta do iceberg. A viagem internacional dela acabou custando quase o triplo do que imaginava, e parte ficou parcelada no cartão, com juros que ninguém lembra de somar na hora da empolgação.
Foi aí que percebi que o problema não é sonhar em conhecer o mundo, mas acreditar que dá para embarcar sem planejamento financeiro.
Antes de sair correndo atrás de promoções, o primeiro passo é botar os custos no papel (ou na planilha). Só assim você enxerga o tamanho real da brincadeira.
Só em escolhas diferentes, a mesma viagem pode variar até R$10 mil a mais.
As milhas ajudam a reduzir a fatura, mas só fazem sentido se o cartão de crédito for usado de forma responsável. Do contrário, os juros do rotativo engolem qualquer economia. Sem falar que muitos programas impõem restrições chatas, datas limitadas, tarifas infladas e taxas extras.
As famosas promoções relâmpago podem salvar o bolso. Já viu trecho na Europa por menos de 20 euros? Parece sonho. Mas cuidado: bagagem, marcação de assento, embarque prioritário e até água podem ser cobrados à parte. A tarifa “milagrosa” pode custar mais caro que uma convencional.
Regra de ouro, sempre calcule o preço final da passagem com todos os adicionais.
Aqui não tem consenso, é a pergunta que todo viajante faz. E, sim, a escolha errada pode custar caro.
Ter um pouco em espécie é essencial (um táxi, um lanche rápido, uma emergência). Mas levar grandes quantias é arriscado. E pior, o câmbio físico no Brasil costuma ser mais caro que nas alternativas digitais.
Se for levar espécie, vale pesquisar promoções em casas de câmbio no Brasil. Mas se optar por conta digital internacional, muitas vezes é melhor converter direto no aplicativo.
Aceito em todo lugar, mas é a opção mais salgada. Cada compra paga IOF de 3,38%, além da cotação imprevisível, só revelada na fatura. Como já disseram: “gera um IOF ferrado”. Verdade.
Aqui está a virada de chave. Bancos digitais como Inter, C6 e Nomad oferecem contas globais que permitem converter reais para dólar ou euro direto no app. O cartão de débito dessas contas cobra IOF de apenas 1,1%, contra os 3,38% do crédito. Além de mais barato, dá previsibilidade: você já sai de casa sabendo quanto vai gastar.
Muita gente acha que pode economizar cortando o seguro. Grande erro. Se no Brasil já é caro se tratar, fora pode ser impagável.
Além disso, países do Tratado de Schengen exigem seguro com cobertura mínima de 30 mil euros para autorizar a entrada. Ou seja: sem seguro, você pode nem sair do aeroporto.
E a melhor parte é que o preço é irrisório perto do risco. Dá para contratar boas coberturas a partir de R$15 por dia.
A resposta depende muito mais de quem viaja do que do destino em si. O estilo de vida e o momento financeiro influenciam diretamente no orçamento da sua viagem para o exterior. Vamos a três perfis bem comuns:
O clássico mochileiro é geralmente um estudante, solteiro, com tempo de sobra e bolso apertado. A prioridade não é o conforto, mas sim acumular experiências mesmo com pouco dinheiro.
Orçamento total: cerca de € 50 a € 70 por dia, ou € 1.000 a € 1.400 para 20 dias, ou seja, R$6.250,00 a R$8750,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.
Aqui entra o perfil de quem já se formou, conseguiu o primeiro emprego e quer curtir com um pouco mais de tranquilidade uma viagem internacional, sem extravagâncias, mas sem abrir mão de algumas regalias.
Orçamento total: cerca de € 100 a € 150 por dia, ou € 2.000 a € 3.000 para 20 dias, ou seja, R$12.500 a R$18750,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.
O terceiro perfil é o do casal que já está casado e prefere uma viagem internacional com total conforto. Aqui, o foco é descansar, comer bem, ficar em bons hotéis e contratar passeios guiados.
Orçamento total: cerca de € 200 a € 300 por pessoa/dia, ou € 4.000 a € 6.000 por pessoa para 20 dias, ou seja, R$25.000 a R$37500,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.
Economizar numa viagem internacional não é sobre dormir mal, comer mal e contar moedas. É sobre escolher com inteligência.
Saber quando uma promoção é de verdade, fugir do IOF abusivo, misturar formas de pagamento para não ficar refém de uma só e contratar seguro viagem para evitar prejuízos gigantes são coisas simples que podem te salvar um dinheirão.
Além disso, escolher bem o dia de viajar, usar milhas de forma inteligente, aproveitar promoções, e até se aventurar em hospedagens mais arrojadas para acumular experiências novas faz parte do pacote. Afinal, não é pra isso que a gente viaja?
Viajar barato não significa viajar pior. Significa voltar para casa com memórias boas, e não com a fatura do cartão virando pesadelo.