
Alexia DinizSe você dirige por aplicativo, sabe como é: o carro virou escritório, o trânsito é o corredor e o lucro… bem, o lucro às vezes chega atrasado. Tanque oscila, pneu pede atenção, passageiro cancela, tarifa dinâmica some justo na sua vez. Nesse vai e vem, qualquer promessa de economia parece música. E poor isso, nessa melodia que entra a Rota 99, um programa de benefícios da 99 que jura dar previsibilidade, descontos e, de quebra, alguns mimos pra quem fica firme na plataforma.
Mas, a Rota 99 resolve ou só muda o problema de lugar? Bora conversar, com calma e sem letras miúdas
A Rota 99 é a “gamificação” da 99 para motoristas e motociclistas. Você dirige, acumula pontos, sobe de fase e destrava vantagens, o principal delas é o 99 Abastece, com desconto em combustível em postos parceiros.
Ou seja, a lógica é simples. quanto mais quilômetros rodados e melhores as suas métricas (avaliação, finalização, aceitação), mais benefícios aparecem. É um jogo com placar e calendário.
O programa começou pequeno e foi tomando corpo. Porém hoje, a Rota 99 já roda em capitais e grandes regiões como Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Curitiba, Recife, Salvador, Porto Alegre e Campinas, e, agora em 2025, também em São Paulo e Rio.
Porque o desconto de combustível só existe onde há posto conveniado, e quanto maior a cidade, maior a chance de você ter opções de verdade ao longo da rota.
Aqui não tem muito segredo, a regra é simples:
Rodar muito ajuda a pontuar, especialmente nos horários de pico. Mas é preciso cuidado: uma corrida longa que termina “no meio do nada” pode até render pontos, e ao mesmo tempo atrapalhar o resto do turno. O segredo é combinar bem quilometragem e oportunidade.
A virada de mês é o “apito final”. Todo 1º dia, o período zera e a plataforma recalcula a sua fase com base no que você fez no mês anterior. Em bom português: constância paga. Ou seja, se você acelera só no fim do mês para “salvar” a fase, tende a rodar mal, aceitar corrida ruim e, de quebra, desgastar o carro. O jogo da Rota 99 é maratona, não tiro curto.
As fases sobem junto com os requisitos. Em linhas gerais:
Para atingir essa fase, o motorista precisa ter 300 pontos, ter uma taxa de finalização de 70% e avaliação mínima de 4,85.
E nessa fase, ele pode definir seu destino três vezes durante o dia e tem desconto básico em combustível, ou seja, tem até 10% de desconto em cada abastecimento em postos parceiros.
Para atingir essa fase, o motorista precisa ter 2.200 pontos, ter uma taxa de finalização de 70% e avaliação mínima de 4,85.
E nessa fase, ele pode definir seu destino três vezes durante o dia e tem desconto especial em combustível, ou seja, tem até 14% de desconto em cada abastecimento em postos parceiros.
Para atingir essa fase, o motorista precisa ter 5.300 pontos, ter uma taxa de finalização de 80% e avaliação mínima de 4,85.
E nessa fase, ele pode definir seu destino quatro vezes durante o dia e tem desconto super em combustível, ou seja, tem até 15% de desconto em cada abastecimento em postos parceiros. E tem incentivos exclusivos, como campanhas de recompensa por número de corridas feitas.
Para atingir essa fase, o motorista precisa ter 9.100 pontos (isso equivale a aproximadamente 6 mil km no mês…), ter uma taxa de finalização de 80%, taxa de aceitação de 27% e avaliação mínima de 4,85.
E nessa fase, ele pode definir seu destino cinco vezes durante o dia e tem desconto mega em combustível, ou seja, têm até 17% de desconto em cada abastecimento em postos parceiros. Além de incentivos exclusivos, como campanhas de recompensa por número de corridas feitas.
Além disso, essa fase também permite que o motorista tenha desconto de 50% em consórcios da Mycon, até a contemplação da carta para a aquisição do veículo. Por isso tem um atendimento especial dentro da plataforma e a possibilidade de ser amigo anjo. Programa que você passa seus conhecimentos para outro motorista e pode ganhar até R$1.500 reais no mês.
Mas vamos lá, repare que não é só “trabalhar muito”. É trabalhar muito e manter o padrão. Cancelar demais, aceitar corrida impossível e depois largar no meio… tudo machuca seus indicadores.
É aqui que a Rota 99 brilha. O 99 Abastece fecha convênios com postos e oferece descontos progressivos, de acordo com a fase. A comunicação fala em teto mensal parrudo (aquele “até” que chama atenção), mas, na prática, a média realista tende a ficar na casa de algumas centenas por mês. Depende de cidade, malha de postos e do quanto você abastece nos parceiros porque, fora deles, não tem milagre.
Dica direta: configure seus turnos passando por postos conveniados. Abastecer “no caminho” é diferente de desviar 4 km para achar um desconto. Desconto que custa tempo e corrida perdida vira ilusão.
Motociclistas entram no mesmo jogo, especialmente quem trabalha com 99Entrega e 99Food. Como o custo absoluto de combustível é menor, o desconto pesa mais no resultado. Ou seja, o desafio mantem o mesmo dos carros: manter nota alta, cumprir metas e não tropeçar no calendário. Motos tendem a sofrer menos com trânsito, o que ajuda a manter finalização e aceite sob controle.
A parte “menos instagramável” da Rota 99 são os números. A plataforma quer:
Negou corrida muito longa ou difícil? Ok. Mas se isso vira rotina, seu avanço emperra. E sim, tem motorista que sente a nota cair mesmo com justificativa. O algoritmo não lê contexto; lê comportamento. Por isso, a saída é ser estratégico: se uma corrida compromete seu turno inteiro, talvez seja melhor não aceitar, e compensar depois, em bloco, nas rotas que você domina.
Vamos à conta pra ninguém se enganar.
Por exemplo, cenário comum de quem roda em tempo integral: 3.000 a 6.000 km/mês. Considerando um preço médio de combustível por volta de R$6,45 por litro, dá algo entre R$1.400 e R$2.700 só de tanque no mês (varia com carro, consumo e cidade).
Desconto recorrente de dois dígitos nas fases mais altas? Dá para cair algo na faixa de R$200 a R$500 por mês no mundo real. Em um ano, isso pode virar perto de R$2.400 a R$6.000 de alívio, o famoso “quase 13º” na economia. Mas atenção: para colher isso, você precisa manter fase, abastecer nos parceiros e rodar com constância. Sem esses três, a conta desmancha.
A Uber tem o Uber Pro, também por níveis (Azul, Ouro, Platina e Diamante). O cardápio muda de cidade para cidade, mas costuma incluir: desconto de combustível por parceria, plano de celular com preço especial, apoio em manutenção, prioridade no suporte e, em alguns casos, vantagens na locação. Na prática, qual é melhor?
Depende do seu perímetro, do seu turno e da sua estratégia. Se você roda majoritariamente em áreas bem atendidas por postos parceiros da 99, a Rota 99 tende a render mais no tanque. Se o seu cotidiano se encaixa melhor nas parcerias da Uber (locadora X, oficina Y, operadora Z), talvez o equilíbrio penda para o Uber Pro. O que não funciona é tentar “platinar” em duas plataformas ao mesmo tempo, rodando as mesmas horas. Dividir o foco dilui ponto e trava avanço nos dois lados.
Honestamente? Os dois. A Rota 99 entrega economia concreta, especialmente no combustível, e organiza metas que ajudam a manter a rotina. Mas também é uma estratégia de fidelização: você pontua onde dirige. Parou de rodar ou dividiu demais com concorrente, estagna. A virada de mês te “puxa” a manter ritmo e a lógica de fases te convida a não abandonar a plataforma bem quando você está perto de subir. É programa de benefício, mas é coleira macia.
Tem coisa que nenhum programa resolve por você:
Alguns atalhos (sem jeitinho):
A fase mais alta costuma abrir portas para condições diferenciadas em consórcio com parceiros. Pode ser interessante para quem quer trocar de veículo sem financiar, mas o consórcio tem fila, taxa e incerteza de contemplação.
Por isso, se o carro é sua renda, ficar refém da sorte pode custar caro. Faça a conta: se a Rota 99 te ajuda a economizar no tanque, ótimo; não use esse alívio para se amarrar num plano que não converse com sua realidade de caixa.
A Rota 99 ajuda quando…
A Rota 99 atrapalha quando…
No fundo, a Rota 99 é uma ferramenta. Nas mãos certas, vira atalho de economia e previsibilidade. Nas mãos apressadas, só complica o caminho. Se você dirige bastante, gosta de rotina, entende suas rotas e cuida do carro, a chance de fechar o mês sorrindo é grande. Se prefere liberdade total e troca de app conforme o vento, talvez os pontos virem poeira.
Até porque todos esses programas de pontuações e gamificação, é só pra manter o motorista mais tempo dentro da mesma plataforma.