
Alexia DinizOutro dia, um conhecido me chamou no canto: “Agora vai dar pra trocar de carro. O governo lançou o IPI Zero, tá tudo mais barato.” Na mesma hora, já imaginei o filme todo: filas em concessionárias, anúncios com setinha vermelha no para-brisa, vendedor falando em “últimas unidades” e o povo, como sempre, correndo atrás do que parece oportunidade.
Mas será que é isso mesmo? O carro popular ficou mais barato de verdade com IPI Verde ou o marketing está dirigindo o seu bolso?
O IPI zero é a isenção total do Imposto sobre Produtos Industrializados para carros com motor 1.0 flex, fabricados no Brasil. Segundo o governo, a medida visa estimular a economia, fomentar a indústria nacional e reduzir a emissão de poluentes ao priorizar modelos mais sustentáveis.
Traduzindo: o governo não está mais cobrando IPI desses carros por tempo determinado, o que deve baratear o preço final para o consumidor. Mas como tudo em imposto, tem pegadinha.
A regra é clara, para ter IPI zerado, o carro precisa:
Na prática, modelos como Fiat Mobi, Renault Kwid, Hyundai HB20 e Chevrolet Onix 1.0 podem se beneficiar. Mas tudo depende de cada montadora ajustar os modelos às exigências. Algumas já conseguiram, outras estão correndo atrás.
A lista oficial ainda depende da publicação completa dos modelos que se adequam às exigências. Mas, em geral, incluem:
Para saber se um modelo está com IPI zerado, consulte a concessionária ou acompanhe os canais oficiais do governo e das montadoras.
Não tem desconto de IPI Zero no mercado de carro usado. E sempre que se fala em carro novo com desconto, o reflexo chega direto no mercado de seminovos. Afinal, se um carro zero sai mais barato, quem vai pagar quase o mesmo que um usado de dois ou três anos atrás?
A tendência, nesses momentos, é de desvalorização dos seminovos, principalmente os da mesma categoria dos modelos com IPI zero. Ou seja, se você comprou um hatch 1.0 há pouco tempo, pode ver o valor dele cair na Tabela Fipe.
Mas também tem o outro lado: quem está pensando em trocar o carro antigo por um modelo mais novo pode usar esse momento como argumento de negociação. A baixa nos preços de novos pode empurrar os lojistas a dar mais desconto nos valores de troca e financiamento.
De toda forma, é bom ficar de olho. Porque enquanto o carro novo parece estar em promoção, o usado pode acabar com um valor menor do que o de alguns meses atrás, devido a baixa procura e a desvalorização acelerada.
Segundo estimativas do próprio governo, o valor de desconto varia conforme o modelo e a tabela original de IPI para aquele veículo.
Agora respira e pensa: vale a pena? Porque não adianta dar desconto no imposto se o preço base subir antes ou se as concessionárias aumentarem as margens de lucro para compensar.
A alíquota zero é diferente da isenção permanente. Significa que, por ora, aquele produto não está sendo tributado com IPI, mas o imposto ainda existe, e pode voltar a ser cobrado a qualquer momento. É como se o governo tivesse apertado o botão de “pausar o imposto”, não de “excluir”. Isso quer dizer que, sem o benefício, um modelo como o Renault Kwid, que custa R$ 60 mil, pode sair por cerca de R$ 72 mil com o imposto embutido. Ou seja, são R$ 12 mil que você paga direto para o Governo Federal só por estar comprando um carro novo.
Não. A medida tem caráter temporário e pode ser revista a qualquer momento por decreto. O governo pode reduzir, ampliar ou encerrar a isenção conforme os ventos políticos e fiscais.
Em 2023, o governo lançou um programa temporário de isenção do IPI para carros populares, com foco em aquecer o mercado e incentivar a indústria nacional. Já em 2024, a medida não foi renovada automaticamente, mas serviu como base para a criação do programa atual, o IPI Verde, implementado em 2025 com foco em sustentabilidade.
A medida tem motivação dupla:
Mas sejamos sinceros: tem também aquele cheirinho de medida populista. Afinal, carro mais barato agrada o eleitor, aquece o mercado e melhora os números do PIB a curto prazo. É um clássico dos anos pré-eleitorais.
Sabe qual o problema de todo esse papo sobre desconto, imposto e alíquota? É que o carro continua sendo um bem caro, cheio de custo escondido. Seguro, revisão, IPVA, manutenção, desvalorização…
É por isso que cada vez mais gente está cogitando outra rota: carro por assinatura.
Nesse modelo, você paga uma mensalidade e já tem tudo incluso, sem dor de cabeça com papelada, sem IPVA, sem ir atrás de seguro. Quer trocar de carro a cada 4 anos? Beleza. Quer viajar e ter carro só por um ano? Também dá.
O comparador de carro por assinatura que criamos no Educando Seu Bolso ajuda exatamente nisso. Com ele, você descobre em segundos se vale mais a pena assinar, comprar ou financiar. Tudo na ponta do lápis, sem achismo, e atualizado com os preços de verdade.
Se o seu bolso anda apertado ou se você compra automóveis zero ou mesmo seminovos e não quer compromisso de longuíssimo prazo com um carro, vale muito a pena simular. Porque às vezes, a melhor escolha é justamente não comprar.
IPI zero é, sim, uma boa notícia para quem já ia comprar um carro popular 1.0 flex. Já que o consumidor pode economizar alguns milhares de reais.
Mas não se engane: esse desconto não é presente, é estratégia. Pode durar pouco e não compensa se o mercado subir o preço e acabar saindo no 0 a 0 no final.
Antes de sair comemorando, faça as contas, acompanhe os preços e pergunte:
E lembre-se: IPI zero é só um pedacinho da história. Seguro, manutenção, IPVA e financiamento continuam firmes e fortes no seu bolso. Então se você quiser saber se carro por assinatura é melhor do que comprar ou financiar, use nosso comparador. Porque de desconto enganoso, o brasileiro já entende.