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cobranças indevidas

Quando você vira o agiota do rolê, um Pix pode estragar a amizade

Isabel GonçalvesIsabel Gonçalves
14 de agosto de 2025•6 min leitura
Planejamento Financeiro

Tenho uma amiga que sempre empresta dinheiro pros amigos dela, tipo agiota oficial do grupo. Ela vive reclamando que o pessoal não paga no prazo e às vezes até some. Eu digo e repito: para de emprestar! Mas no fundo eu sei que falar “não” para esse tipo de pedido é bem difícil.

Todo grupo de amigos é assim: tem aquele que está mais bem de vida, sempre presente nos eventos e é o mais gente boa. Mas no fundo, ele está sofrendo com os pagamentos não realizados, enquanto os outros, continuam se divertindo como se não tivessem devendo o cara que está do lado. 

O lado B da amizade e do dinheiro

Falar de dinheiro sempre foi complicado, com a família, com o companheiro e com os amigos mais ainda. Mas nós brasileiros temos essa tendência de querer ajudar quem a gente ama, mesmo quando quem precisa de ajuda é a gente. 

Ajudar o amigo é sim um gesto bonito, mas é preciso ter em mente que essa ajuda vem também junto com muitas outras questões emocionais. Expectativas, confiança, justiça e orgulho são ingredientes importantes numa amizade e tudo isso pode ser abalado por um Pix não pago.

As vezes o “agiota” não tem Pix…

Falar não para um empréstimo de dinheiro é até mais fácil quando você não tem aquele valor. Mas e quando o pedido é no cartão de crédito ou na hora do aluguel? É muito comum ver pessoas recorrendo ao amigo que tem mais limite no cartão para realizar alguma compra parcelada. E aí você que emprestou, assumiu uma dívida que não é sua. 

Pode acontecer também de você ter que emprestar seu nome como fiador do apartamento do seu amigo. Nessas horas, a confiança vem com tudo. Os contratos normalmente são longos e você precisa acreditar que seu amigo vai pagar o aluguel em dia, se não, quem vai ficar com o nome sujo é você também. 

Quando tudo começa a dar errado 

Emprestar dinheiro para um amigo parece simples: alguém pede, você ajuda, a pessoa paga e segue tudo bem. Mas na prática… quase nunca é assim. A chance de dar ruim é alta e os conflitos costumam vir em silêncio.

O “me paga depois” vira uma angústia sem fim, principalmente se você não combinou exatamente quando é o famoso “depois”. E aí vem uma sequência de erros que só desgastam a relação. 

Os atrasos, a falta de aviso e os sumiços estratégicos são bem comuns. Uma pesquisa do  Instituto MindMiners mostrou que sete em cada dez brasileiros não devolvem dinheiro emprestado por amigo dentro do prazo combinado.

A gente sabe que imprevistos acontecem, uma emergência financeira pode surgir e atrapalhar o planejamento do devedor, mas o problema é quando a pessoa não avisa, não explica, e simplesmente some. E uma outra parte importante na equação surge: a vergonha de cobrar. 

O medo de virar o agiota do rolê 

O mesmo estudo revelou que a maioria dos entrevistados sente dificuldade em cobrar a dívida, por medo de constranger o amigo. E você pode até ter ouvido a frase “quem tem que ter vergonha é quem está devendo”, mas falar é fácil. 

Na prática, a gente morre de medo de parecer mesquinho, arrogante e até ofender o amigo na cobrança. O resultado: a dívida se estende por meses, ou a gente até deixa pra lá e ela se torna permanente. Mas é aquele ditado, a gente perdoa mas não esquece.

E se for você quem está pedindo dinheiro ao amigo?

Vamos olhar o outro lado da moeda, afinal, nem sempre a gente está do lado de quem empresta. Às vezes, o aperto vem pra você, o cartão estoura, a grana acaba antes do mês e, no desespero, surge a ideia de pedir dinheiro emprestado para o amigo. 

E isso não é nenhum erro, muito menos crime. A questão aqui é que, nessas horas, é necessário ter cuidado, respeito e responsabilidade. Por isso, alguns pontos importantes a se atentar são:

  1. Seja claro e direto: explique por que está pedindo, quanto precisa, como pretende pagar e em quanto tempo. 
  2. Não se ofenda com um “não”: as pessoas têm todo o dinheiro de recusar te emprestar algo que é delas, por direito e, na maioria das vezes, foi muito difícil conseguir.
  3. Cumpra o combinado à risca: se você disse que ia pagar dia X, pague no dia X. Ou no máximo, avise se for ocorrer algum atraso. O silêncio é a chave para o desastre. 
  4. Não transforme um favor em hábito: se pedir ajuda vira padrão, a relação começa a se desequilibrar. Seu amigo pode ser um apoio emergencial, não um banco pessoal.

Como emprestar sem virar um agiota emocional

Se você está do lado que quer ajudar e emprestar dinheiro para o amigo, antes de tudo, garanta que você pode abrir mão desse dinheiro se ele não voltar. E saiba que, se não houver cuidado, o que era um gesto de generosidade pode virar uma fonte de estresse, mágoa e até ressentimento.

É assim que nasce o agiota emocional: aquele que empresta esperando reconhecimento, gratidão eterna e o pagamento certinho e, quando nada disso acontece, passa a cobrar com indiretas, ressentimentos ou piadas atravessadas.

A boa notícia? Dá, sim, pra emprestar sem se perder na emoção. Basta estabelecer limites claros e formalizar a transação. Pode ser uma mensagem por Whatsapp combinando valores, prazo e forma de pagamento. Se for muito dinheiro, faça um contrato. E nunca se esqueça, em algum momento você vai ter que cobrar. Está preparado para isso? 

Conclusão: empréstimo entre amigos pode rolar sim, mas com cautela

Às vezes uma ajuda amiga pode ser a salvação de um mês apertado. Mas a grande verdade é que empréstimo entre amigos exige responsabilidade e cuidados dos dois lados. 

Se você é o amigo que empresta, antes de tudo se pergunte: posso abrir mão desse dinheiro? Além disso, estabeleça de forma clara e direta os prazos, não tenha vergonha de cobrar o que é seu e saiba falar “não”, ele é a sua ferramenta mais poderosa na hora de organizar suas finanças pessoais. 

Se você é quem está pedindo o dinheiro, deixe claro o quanto você precisa, como e quando pretende pagar. Se planeje para devolver o dinheiro dentro do prazo e tenha maturidade para ter conversas difíceis e ser cobrado. Afinal, sua amizade vale muito mais do que um Pix ou uma compra no cartão de crédito. 

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